Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e Secretaria, através do EDITAL PROAC EXPRESSO DIRETO Nº05/2021 - PROGRAMA DE AÇÃO CULTURAL – PROAC - “DANÇA CIRCULAÇÃO” Dança apresentam a circulação do projeto “DELÍRIO EM MAMBEMBES CONTEMPORÂNEOS” do “Grupo Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira”.

O projeto inclui a apresentação do espetáculo “Delírio” de Ângelo Madureira na sua versão “Mambembe” adaptada para ser apresentada em espaços públicos abertos como praças e parques, a realização da oficina “Encontros Dançantes” e um bate-papo com o público. Uma programação que começa no dia 06 de novembro e se estende até o mês de dezembro e passa pelas cidades de Piracaia, Joanópolis, Atibaia, Apiaí, Itapetininga e Barra do Turvo.

Aos 22 anos de percurso, o “Grupo Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira”, com um repertório eclético, com espetáculos muito diferentes um do outro, criaram mais de 40 espetáculos e escolheram no seu vasto repertório o espetáculo “Delírio” (1999), que foi resultado da pesquisa realizada por Ângelo Madureira no ano de 1998, através da “Bolsa de Pesquisa Rede Stagium” com orientação da “Cassia Navas”. Ao longo de seu percurso de 23 anos, o espetáculo se tornou uma referência nacional e internacional, passando por inúmeros países e em cidades de todo o Brasil, com ótima aceitação do público e de especialistas, críticos e curadores das áreas da dança.

Na programação das atividades e em cada cidade, acontecerão três atividades:

1. uma apresentação do espetáculo ‘Delírio”;

2. uma vivência através de ritmos dançantes dos passos e movimentos das danças populares brasileiras vistas no espetáculo - “Encontro Dançante”;

3. uma conversa-bate-papo-palestra com a diretora do espetáculo, Ana Catarina Vieira como estratégia de formação de público.

Piracaia

25/11 - 16h

Praça do Rosário

Joanópolis

20/11 - 16h

Praça Padre Domingos Segurado

Atibaia

06/11 - 14h

Praça da Matriz

Apiaí

04/12 - 16h

Praça Central

Barra do Turvo

aguardando confirmação

Itapetininga

Largo dos Amores

aguardando confirmação

RELEVÂNCIA – IMPACTO E DIFERENCIAL DO PROJETO

A escolha pelo espetáculo “Delírio” solo que Ângelo Madureira criou em 1999, se dá pelo fato de ser um espetáculo que agrada aos mais diferentes públicos, desde os mais especialistas até os menos familiarizados com a linguagem da dança.

A dupla acredita que o espetáculo “Delírio” colabora para criar pontes, entre público e artista, com as duas atividades paralelas a apresentação do espetáculo, essa realidade se amplia, pois o público, assiste a um espetáculo, participa de uma vivência com passos e movimentos que foram vistos ao longo da apresentação e posteriormente acompanha uma conversa com os artistas que tem como objetivo desmistificar esse ‘lugar” quase inalcançado do artista, construindo uma aproximação espontânea e assim realizando um propósito muito importante para as artes; a formação de público.

Outra questão relevante em relação a atividade mencionada acima trata-se do fato do ambiente escolhido para elas acontecerem serem espaços públicos abertos com praças e parques, onde já existem pessoas circulando. Antes de iniciar a apresentação. Ângelo Madureira que circula no local e isso atrai o desejo e a curiosidade do público, que muitas vezes é surpreendido. Outro fato importante na escolha desse tipo de espaço é uma redução nos gastos com a equipamentos e equipe técnica, pois as apresentações acontecerão durante o dia, sem a necessidade de equipamentos de iluminação e a escolha do espaço em relação ao formato do piso (chão) serão locais dentro das praças ou parques, que vão necessitar apenas da colocação de um linóleo e o equipamento de som. Essa escolha está possibilitando o projeto ampliar o número de cidades e o público atendido com o recurso oferecido no edital.

Em 2015, o grupo fez uma circulação com o espetáculo “Estado Imediato” realizada em parques do Estado de São Paulo, onde foram observadas todas estas questões, essa circulação teve o nome de Mambembes Contemporâneos e aqui nomeamos o projeto de “Delírio em Mambembes Contemporâneos”.

Como atividade formativa; os famosos “Encontros Dançantes” de Ângelo Madureira que vem acontecendo todos na Praça das Corujas na Vila Madalena em São Paulo, uma atividade que agregou públicos que não conheciam o trabalho grupo e de Ângelo Madureira públicos que muitas vezes não tinham familiaridade ou conhecimento sobre as Danças Populares Brasileiras. Esta atividade, normalmente aconteciam na sede do grupo na Vila Leopoldina em São Paulo no Espaço Cultural Base, mas depois do sucesso deste formato, os “Encontros Dançantes” continuaram a acontecer em espaços abertos.

Delírio nos seus 23 anos de percurso do espetáculo é sempre muito requisitado por programadores e curadores nacionais e internacionais, por proporcionar esse tipo de acontecimento em relação ao público e por isso foi o espetáculo escolhido para este projeto. O personagem sonhador (que é o próprio Ângelo Madureira, pernambucano que vive em São Paulo desde 1996) sentia saudades da sua terra natal e desta saudades e em uma noite em claro, Ângelo Madureira criou este espetáculo utilizando o seu próprio colchão, cobertor e travesseiro, material que continua sendo o mesmo colchão, cobertor e travesseiro de 1996, Ângelo e Ana Catarina cuidaram deste material como um carro chefe de seus processos artísticos. Delírio se tornou ao longo do percurso do Grupo, um dos espetáculos mais apresentados de seu repertório, atravessando mais de vinte anos de percurso e permanecendo atual, por ser uma referência também para a Cultura Popular Brasileira.

Com uma carreira internacional “Delírio” passou por Portugal, Nova York, Berlim, Croácia, entre outros países e por todos os estados brasileiros e muitas cidades do Estado de São Paulo. Em muitos locais “Delírio” foi apresentado mais de uma vez em anos diferentes e sempre existem convites para retornar para os locais por onde passou. Este espetáculo foi apresentado no “Teatro Nacional de Zagreb”, onde nunca havia tido a apresentação de um solo, mesmo de um artista croata, segundo os coreógrafos a camareira do teatro entrou em parafuso quando lhe foi solicitado somente um camarim, ela chamou a direção do festival e do teatro por achar que havia algum mal-entendido, já que neste teatro são apresentados, Operas, Orquestras, Balés e grandes companhias. Delírio foi ovacionado em Berlim, Nova York, Croácia, Portugal e na cidade natal de Ângelo Madureira, onde todos são entendidos do assunto “Cultura Popular Brasileira, Danças Populares Brasileiras. Delírio é o queridinho da nação brasileira, é pesquisa, é dança, é história, é linguagem, é metodologia, Delírio é uma referência na dança brasileira enquanto conceito, dinâmica e performance, é contemporâneo e agrada a todos. O maior prêmio do espetáculo “Delirio” é o reconhecimento do publico e dos profissionais que tanto requisitam este espetáculo para seus festivais, eventos e programações.

Em relação as críticas recebidas, “Delírio” tem uma especial da crítica de dança “Helena Katz”:

Uma grande festa muito bem dirigida

Semana passada, na Galeria Olido, Ângelo Madureira mostrou o primeiro trabalho que criou em São Paulo, em 1999, vindo do Recife. Na ocasião, Delírio funcionou como a apresentação de uma espécie de RG da sua formação no Balé Popular do Recife, a companhia onde começou a dançar. Além de profissional, a sua ligação com o Balé Popular do Recife é também familiar, uma vez que seu pai, André Madureira, foi o criador do BPR, povoado por vários outros Madureiras. Delírio surgiu da Bolsa de Pesquisa Rede Stagium 1998 e a sua remontagem se deu a partir do convite que recebeu de Christine Greiner, a curadora do Festival Panorama Sesi de Dança 2010. O primeiro Delírio nasceu da seguinte questão: se o frevo é a música e o passo é a dança, como disse Waldemar Oliveira em seu livro Frevo, Capoeira e Passo, quando se dança o frevo com música de rock progressivo, por exemplo, o que se dança? Nascia aí o tipo de deslocamento que, mais adiante, se tornaria a marca da sua trajetória artística. Associou-se com Ana Catarina Vieira, que vinha da formação em balé clássico, e juntos criaram Basilibaque (2002), Somtir (2003) e tudo o que se seguiu. A primeira inquietação voltaria em Outras Formas (2004), quando a dupla passou a se questionar sobre maneiras de lidar com a dança popular em uma perspectiva contemporânea. Daí em diante, foram aprofundando essa questão em suas outras obras: Como? (2005), Clandestino (2006), O Nome Científico da Formiga (2007), Agô Dança Contemporânea (2008), O Animal Mais Forte do Mundo (2009), Somtir 2 (2010) e Baseado em Fatos Reais (2010). A volta a Delírio, onze anos depois, acontece em uma "outra forma". Os materiais das danças populares que foram retrabalhados ao longo desse tempo pela dupla, transformaram irreversivelmente o corpo e a dança de Ângelo Madureira. Quando esse "novo" corpo volta aos "velhos" materiais que construíram a ponte Recife-São Paulo naquela época, torna-se uma verdadeira aula sobre o sentido e a pertinência das releituras em dança. Frescor. Em primeiro lugar, porque existe uma geração que não conheceu e que precisava ser apresentada ao Delírio, mas a um Delírio que fizesse sentido para o Ângelo de hoje e para ela, pois não se pode ignorar que a dança popular e a dança contemporânea permanecem distanciadas. E também porque a qualidade das escolhas artísticas tomadas na remontagem refazem o frescor e demonstram a pertinência de se continuar a fazer aquela primeira pergunta. É impossível descrever a genialidade da dança de Ângelo Madureira. Nem mesmo uma sucessão de adjetivos daria conta da sofisticação de cada um dos tantos detalhes do que agora revela. Como relatar a qualidade dos seus acabamentos, a precisão de cada gesto, sempre impecavelmente dançado? A sensibilidade com que transita pelo sagrado/profano e pelo masculino/feminino, a justeza do seu tempero clownesco, a competência artística com que borda todas as danças, a elegância com que transforma um colchão, um travesseiro e um cobertor em distintos figurinos para cada uma delas? é mesmo muita coisa para ser destacada. Afinal, não é sempre que se tem a oportunidade de assistir a um brincante-artífice (ou seria um artífice-brincante?) em ação. A dança de Ângelo Madureira domina, com a sabedoria que a experiência traz, cada uma das muitas dobras implicadas em cada um dos materiais que retira das danças populares. São muitos saberes conjugados com maestria, pois além de dançar, ele também interpreta personagens, toca pandeiro e fala com o púbico. Uma verdadeira festa, bem dirigida por Ana Catarina Vieira, que soube lapidar com sensibilidade o ajuste de cada uma das cenas, que são iluminada por Juliana Augusta Vieira na justeza que cada uma pede.

Helena Katz – Jornal “O Estado de São Paulo” – 26 de outubro de 2010. http://www.helenakatz.pro.br/midia/helenakatz11288176179.jpg

Com 22 anos de existência, o Grupo Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira ocupa um importante papel no cenário atual da dança contemporânea brasileira. O grupo, que leva o nome de seus fundadores e criadores artísticos, desenvolveram uma pesquisa unindo e relacionando a formação artística de ambos. De um lado Ana Catarina Vieira traz sua bagagem da metodologia russa Vaganova, adaptada para corpos latino-americanos, e do outro, Ângelo Madureira, com sua formação pelo Balé Popular de Recife, fundado por seu pai.

Estes dois conceitos distintos numa mesma pesquisa coreográfica foi o guia para um novo olhar para a dança, ampliando as possibilidades no fazer das danças populares brasileiras. Com os resultados alcançados pela dupla, Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira, se tornaram uma referência no diálogo entre as linguagens do Balé Clássico, das Danças Populares Brasileiras e da Dança Contemporânea, responsáveis por abrir caminhos para que outros artistas da cena contemporânea se interessassem em desenvolver suas criações com a cultura popular brasileira, a dupla quebrou preconceitos, através das formas que encontraram para as misturas que realizaram.

Acesse:

 https://vimeo.com/474807938

Vídeo com DEPOIMENTOS de Sergio Mamberti, Helena Katz, Marina Person, Guga Stroeter, David Linhares, entre outros.

Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira sabem, como poucos, sobre formação de público, alunos e artistas por meio da arte, Ângelo foi uma criança que cresceu no frenesi da cultura popular do Recife e em meio a pesquisas acadêmicas das manifestações artísticas de Pernambuco. Seu pai, André Madureira, foi fundador do Balé Popular do Recife junto com os quatro irmãos – Ana Tereza, Anselmo, Antero e Antúlio, todos dançarinos – e hoje André Madureira falecido recentemente foi considerado patrimônio vivo do estado de Pernambuco e o Balé Popular do Recife tem o título de Patrimônio Material e Imaterial do Brasil, mérito recebido no ano de 2018. Não surpreende que o garoto que começou a dançar com a família aos 3 anos hoje cite o Caboclo de Lança como super-herói. Bumba-meu-boi, caboclinhos, maracatu e pastoril compuseram a pesquisa que resultou na criação do Balé Popular do Recife pela família Madureira com apoio e incentivo de Ariano Suassuna, escritor e então secretário de cultura de Pernambuco.

“Ele [Suassuna] convidou meus pais e tios para uma pesquisa de campo nas tradições e nas danças populares de Pernambuco. Foi aí que surgiu o Balé Popular do Recife. Nasci dentro desse projeto. Minha educação é muito rica com dança, música e teatro”, rememorou Ângelo Madureira.

Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira são defensores da dança como meio de desenvolver conhecimentos e transmiti-los em forma de educação e com esse pensamento filosófico, Ângelo e Ana Catarina se tornaram jovens emergentes com sua genialidade na forma de dialogar o erudito e o popular. Esse diálogo, gerou muitos resultados, transformando a dupla numa referência para artistas, público, estudiosos, professores e pesquisadores.

 “Cultura e educação andam juntas e ajudam na formação de um indivíduo. Saber sobre sua história e cultura é ter uma formação mais completa. O pensamento lógico é importante assim como a ciência, a matemática, mas também tem o imaginário, o lúdico e o criativo, às vezes olhamos para a arte com uma lógica museológica, como se fosse folclore e contemplada de longe, antiguidade. E na verdade, a arte faz parte da vida das pessoas. Quando o publico entra em contato com isso, tem um estímulo criativo aflorado”, ressalta Ângelo Madureira.

“O ser humano não quer apenas sobreviver, eles querem viver, viver uma vida boa, todos nós queremos, por isso precisamos de acesso à cultura. A arte, o esporte e a cultura são primordiais na vida de uma criança” defendeu.

A dupla é uma referência na dança brasileira, conhecidos internacionalmente e nacionalmente, a dupla inventou uma outra forma de pensar sobre a cultura popular brasileira e com essa inventividade no ano de 2012 conquistaram um lugar ao lado do famoso “Grupo Corpo”, Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira se tornaram a companhia de dança mais jovem a ser patrocinada pela Petrobras, patrocínio que durou três anos. Atualmente a Petrobras não patrocina mais grupos de dança e o edital (Petrobras Cultural) que contemplava os grupos deixou de existir.

SINOPSE DO ESPETÁCULO

Espetáculo solo de Ângelo Madureira, foi criado em 1999, após o processo de pesquisa do solo de Bateria feito através da Bolsa de Pesquisa Rede Stagium, em 1998. Neste experimento, Ângelo Madureira buscou no livro "Frevo Capoeira e Passo" de Waldemar de Oliveira, conceitos sobre o frevo. Nesse livro, Waldemar cita que o frevo é a música e o passo é a dança. Através desse conceito, Ângelo Madureira desenvolveu o solo de bateria, onde substituiu a música do frevo pelo som do rock progressivo, com esse material surgiu a seguinte pergunta: – Se tirar a música do frevo, o que se dança? Como resultado desse questionamento surgiu o espetáculo Delírio, uma obra lúdica, com características fortes da maneira de representar a dança popular em cena. É sempre difícil identificar o começo de uma história. Para Ângelo Madureira, o seu solo Delírio pode ter nascido sete anos antes da estreia, em um aniversário do Balé Popular do Recife, com a música que dá nome ao solo (composta por seu tataravô Tonheca Dantas) e um personagem criado por seu próprio pai. Mas também poderia ter sido em uma madrugada solitária, um ano depois de chegar a São Paulo, durante a leitura da carta de recomendação escrita pelo pai que guardava nas costas a fábula de um curumim que, após retornar à tribo de origem, não conseguia mais se reconhecer. Essas referências afetivas ainda estão muito presentes, mas de lá para cá muita coisa mudou, sobretudo a partir do encontro com Ana Catarina Vieira. A partir daí, surgiram muitas perguntas e algumas continuam sem resposta: A dança se organiza a partir de um banco de passos ou a pesquisa pode desdobrá-los recriando corporalmente uma historiografia das primeiras formas? Como escapar das classificações que não admitem os entre-lugares? Como sobreviver fora do lastro das etiquetas que garantem a circulação em mercados específicos? Em 2006, Clandestino amadurece essas inquietações e radicaliza a pesquisa, uma vez que, desde 2000, Ângelo e Catarina já haviam fundado juntos uma escola e os confrontos entre a formação de balé clássico dela e da dança popular dele, haviam passado por fases diferentes. —

Christine Greiner para Panorama SESI de Dança de 2010.


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