
Angela Tucci, psicológa, reside em Joanópolis.
Gosto de observar as crianças.
Elas são inocentes, puras, os
olhos brilham, o sorriso transborda.
Me questiono, quando uma
criança perde sua autenticidade e se torna robótica, cópia mal feita de adultos
frustrados?
Tenho minhas suspeitas!
Suspeito que é quando
projetamos nela a nossa criança ferida e muitas vezes oprimida. Essa é uma zona
“cinzenta” e de responsabilidade do adulto, pois este já teve, através da sua
própria experiência, a possibilidade de elaborar.
Aí penso... Reflito...
Como estabelecer “regras
sociais “ básicas sem fazer de nossas crianças “mini adultos “ inseguros, sem
sonhos, sem graça?
Penso mais um pouco...
Observando através da prática
clínica que, chamar, por exemplo, uma criança de chata, deixa gravado na mente
dela uma informação que vai acompanhá-la pro resto da vida.
E o quanto pode ser nocivo
fazer fofoca da criança na frente dela? Fórmula infalível pra ela não confiar
mais em você.
Protegê-la de cenas de
pornografia, brigas e gritaria, forma um adulto certamente mais saudável
emocionalmente.
Há quem virá aqui dizer que
apanhou na infância e “sobreviveu”, o que já é um sintoma, afinal quem quer
sobreviver?
Viver bem não é suficiente?
Que tal quebrar esse ciclo?
É lógico que existem situações
limites, com muita violência, núcleos com álcool e outras drogas, onde crianças
são expostas à crueldades. Mas sempre há esperança de um adulto que a proteja e
a acolha, compreenda e dê amor.
Ah o amor!
Não existe fórmula que
transforme nossas crianças em adultos sem conflitos e problemas. Talvez nossa
maior aprendizagem e o maior erro é achar que se pode evitá-los; mas saber
acolher e auxiliar na construção de um indivíduo que lide melhor com suas próprias
dores quando essas forem inevitáveis.
Ao ficar atento às nossas
cicatrizes e carências, podemos juntos, a criança e o adulto, construir um
caminho novo, não perfeito, mas com toda certeza, melhor do que um dia já foi
pra você.
Viva sua criança!