Texto de Sergio Savian

Com toda a boa vontade você vive correndo atrás da felicidade, mas na maior parte das vezes ela escapa de suas mãos. Você fica frustrado e parte para uma nova empreitada na esperança de um dia acertar. Muitas vezes você se vê num círculo vicioso, nunca alcançando o paraíso imaginado. Mas será possível mudar isso?

Vamos lá! Antes de tudo saiba diferenciar o prazer da felicidade. O prazer é sempre efêmero e superficial. A sociedade de consumo em que vivemos nos vende a ideia de que seremos felizes se tivermos muito prazer, mas isto está longe da verdade. Você bebe, come, fuma, faz sexo, compra, mas o efeito disso tudo passa rápido e você vive insatisfeito, sempre querendo mais.

Novos produtos são lançados e você não quer ficar para trás. É escravo do consumo, da novidade. É induzido a experimentar, a comprar. Mas nem por isso você está mais feliz.

Ao contrário do interminável mundo dos prazeres, a felicidade é um sentimento mais duradouro, profundo, que não depende de você ter mais ou menos prazer. Tem a ver com a forma de encarar a vida, como se relaciona consigo mesmo e com os outros. Na superfície do oceano tem sol, chuva, tempestade. Em sua profundidade há silêncio, paz profunda. Os prazeres desenfreados sempre têm um efeito colateral. Você come muito, fica gordo e adoece. Você bebe, fuma, se droga e fica com a consciência embaçada. Muito prazer gera muita dor.

Também facilita entender que a gente pode se orientar pelo ter ou pelo ser. Esta compreensão faz toda a diferença quando o assunto é a felicidade. Você pode ter muitas coisas, pessoas, mas tudo muda e, de uma hora para outra, pode perder. Até o seu corpo um dia não existirá mais. Portanto o ter é sempre ilusório, passageiro. E, por medo de perder o que tem você fica tenso, desconfiado, ansioso e com muito medo. E, quando não consegue ter o que deseja você se sente frustrado, para baixo, e muitas vezes, deprimido.

O ser é outra coisa: é da ordem do bem-estar e do agradecimento. É no ser que se encontra a felicidade. E você não pode ser no passado, que já passou, e também não pode ser no futuro, que é uma miragem. Você só consegue ser no aqui-agora. O problema é que estamos tão condicionados a projetar a felicidade em outro tempo que não abrimos espaço para senti-la, no momento presente.

Por isso, se você deseja de fato ser feliz, aprenda a acalmar sua mente e seu coração, pare de correr atrás de algo que já se encontra disponível em você mesmo. Dedique um tempo por dia para ficar quieto, prestar atenção na sua respiração, no ar que entra e que sai do seu corpo, preste atenção no que está acontecendo agora. Permita-se a paz. Sinta a felicidade. É mais simples do que parece!

Sergio Savian é psicanalista e escritor. Trabalha há décadas orientando as pessoas que o procuram em busca de mais clareza e discernimento para suas vidas pessoais e profissionais. Escreveu e publicou 15 livros, dentre eles “O segredo da juventude” e “A vida pede mudanças”. Palestrou em inúmeras Bienais do Livro, em várias cidades do Brasil e do mundo: Alemanha, Suíça, Espanha, EUA, México, Venezuela, Argentina e República Dominicana. Colaborou com a grande mídia opinando sobre os relacionamentos humanos e a mudança de hábitos. Idealizou e construiu o Hotel Ponto de Luz e, no momento, recebe gente de todo o mundo em seu espaço, o Contempla Joanópolis, localizado no bairro Terra Preta.

 *Artigo publicado no impresso Jornal TRIBUNA da Cidade – Edi. 183 - janeiro/fevereiro de 2024.

Deixe seu Comentário