Angela Tucci, psicológa, reside em Joanópolis.

(angelahmtucci@gmail.com)

Março de 2020...

Abril de 2025...

Hoje resolvi escrever como uma forma de lembrança... Lembrando de pessoas que não estão mais aqui!

Uma memória “coletiva” de vulnerabilidade diante da finitude, do medo e da incerteza. Um momento de solidão, onde cada um sentiu e sente até hoje!

A solidão do mundo em quarentena, exposição ao desamparo. Cinco anos se passaram e ainda que tenhamos sobrevivido à tal pandemia, não nos tornamos um mundo mais solidário que imaginei.

Rapidamente voltamos aos ruídos, ao automatismo, às guerras, à intolerância.

Porém sinto que há algo que permanece: o desejo!

Desejo por mais humanidade, mais presença, por mais cuidado.

Nossa semente de esperança?

Esse desejo que permanece?

A psicologia nos ensina que toda crise, quando vivida com consciência, pode ser solo fértil para transformação. E que o sofrimento, quando escutado e integrado, pode nos “fazer” mais inteiros.

A pandemia e a dor que ela causou escancarou o quanto somos interdependentes e o quanto precisamos criar e sustentar redes de cuidado, fora e dentro de nós.

E que cultivar a esperança não é esperar passivamente. É uma prática diária de autorresponsabilidade.

É... Abrir espaço para pequenos gestos de gentileza, mesmo quando a pressa nos chama; é escutar com presença, mesmo quando a agenda nos distrai.

É... Reconhecer nossas sombras e, ainda assim, manifestar amor; reconhecer nossa impotência diante do que não controlamos.

Não desistir de agir no que nos cabe.

Cinco anos passados, me pego pensando que, mesmo na solidão, mais dolorida, podemos escolher permanecer de pé, com dignidade, confiança e compaixão.

Pois sinto que a esperança reside na “insistência silenciosa” em continuar amando o mundo, mesmo quando falhamos com ele. Que mesmo falhando muitas vezes, nunca deixemos de construir e desejar um mundo com mais humanidade.

Que essa esperança não se perca no “horizonte” do egoísmo!

Aos enlutados...

Aos que se foram...

Aos órfãos...

Aos Robertos...

Nosso respeito!

Deixe seu Comentário